As Escrituras registraram muitas dessas circunstâncias desalentadoras na vida dos fiéis. O profeta Elias, ao ver o povo deixando o Senhor e dobrando os joelhos perante Baal disse: “Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida” (I Reis 19:14). A esta altura, o profeta estava em rota de fuga e muito depressivo. Sentia-se totalmente desalentado! Outro homem de Deus que sentiu depressão e desalento foi o rei Davi. Salmo 12 diz: “Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos; desapareceram os fiéis entre os filhos dos homens. Falam com falsidade uns aos outros, falam com lábios bajuladores e coração fingido”. No final deste Salmo vemos: “Por todos os lugares andam os perversos, quando entre os filhos dos homens a vileza é exaltada”. Salmo 14:1 e 3 – “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”.
João Batista, o profeta que veio preparar o caminho do Senhor, aquele que pregava com ousadia e determinação, sentiu-se desalentado. No início de seu ministério, todos lhe saíam ao encontro (Mateus 3:5) e muitos até acreditavam que ele era o Messias. Mas ele sempre afirmava que Jesus Cristo é o Messias, não ele. Este servo de Deus, no final de sua vida encontrava-se preso e sem alento. A prisão é uma circunstância desalentadora para alguns e encorajadora para outros. João Batista estava desalentado em seus últimos dias, pois mandou chamar alguns discípulos e os enviou à Jesus para perguntar se Ele era realmente Aquele que estava para vir, isto é, o Messias, ou eles deveriam esperar um outro? (Mateus 11:2-6). Sabemos que no final da sua vida, sua cabeça foi cortada e entregue em uma bandeja à uma mulher perversa. Às vezes não entendemos os planos de Deus, pois vemos muitos cristãos sinceros e fiéis sofrendo até à morte. O apóstolo Paulo terminou seus dias em um calabouço frio, úmido e abandonado. Suas palavras finais em II Timóteo 4:9,10,16 é de alguém em circunstâncias desalentadoras: “Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!”.
Sabemos também de outros homens que morreram como um indigente, abandonado em uma prisão, onde o alento nesta vida não mais existia. Homens como Watchman Nee, perseguido e trancafiado devido à sua fé e amor para com Jesus Cristo, seu Senhor. Foi separado da esposa, e da igreja e colocado em uma minúscula prisão até a sua morte. Certamente estes homens de Deus, apesar das circunstâncias desalentadoras, não se revoltaram contra Deus; pelo contrário, permaneceram fiéis e amaram o Senhor até o fim. “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra” (Hebreus 11:13). Certamente as palavras da primeira carta do apóstolo Pedro, capítulo 1 e versos de 6 à 9 eram vivas e alentadoras para estes grandes homens de Deus. “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim de vossa fé: a salvação da vossa alma”.
Encontramos mais um desses heróis da fé que foram perseguidos e presos devido a pregação do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. John Bunyan amava o Senhor e apesar da insistente ameaça das autoridades, ele continuava pregando o evangelho do Senhor. Sua própria esposa foi intimada para persuadi-lo a desistir do evangelho, no entanto, ela dizia que o amor do marido pelo Senhor Jesus era tão grande que ele jamais deixaria de falar deste amor. John Bunyan foi preso e lá, apesar das circunstâncias desalentadoras, não perdeu a fé e nem a comunhão com o seu Senhor. Como o apóstolo Paulo e Watchman Nee, na prisão, escreveu dois grandes clássicos da literatura cristã. O primeiro é conhecido em todo o mundo: “O peregrino”. O segundo livro é tremendo: “Graça abundante ao principal dos pecadores”. Mesmo passando por circunstâncias desalentadoras, Bunyan não se entregava à tristeza e desespero porque experimentou e desfrutou da maravilhosa graça do Senhor Jesus. As circunstâncias desalentadoras são terreno fértil para a graça do Senhor crescer. Estes momentos difíceis que os filhos de Deus passam neste mundo servem para que eles experimentem a graça de Deus e se alegrem em Cristo Jesus. Bunyan escreve: “Consideradas todas estas circunstâncias, engrandeço o Deus do céu e da terra, porque, por meio delas, Ele me trouxe ao mundo, a fim de participar da graça e da vida que estão em Cristo Jesus, mediante o evangelho”. Nas circunstâncias desalentadoras Bunyan experimentou o evangelho de Cristo de forma viva, real e profunda através da maravilhosa vida e graça de Cristo nele. Mesmo em meio às circunstâncias difíceis tipo, separação da esposa e filhos devido à prisão injusta e maldosa; pobreza, perseguição e sofrimento, Bunyan louvava a Deus. Porque um homem louva a Deus em meio ao sofrimento, como Paulo e Silas na prisão? (Atos 16:25). A resposta está em que, nestas circunstâncias, o Senhor é desfrutado em Sua graça de modo pessoal e profundo. Para Bunyan, participar da vida e da graça do Senhor Jesus, superava tudo e todas as circunstâncias. Para estes homens, Cristo e Sua graça bastavam para viver neste mundo tenebroso. Estes homens aprenderam a viver em Cristo, não mais na alma; angustiados e depressivos devido à circunstância desalentadora. Quando Cristo se tornar a nossa vida e o nosso tudo, não sofreremos pelas circunstâncias desalentadoras. Aliás, Deus usará estas circunstâncias para que Cristo seja formado em nós. Jesus Cristo e Sua graça são maiores do que qualquer sofrimento ou dor.
Regozijemo-nos em Jesus Cristo, nosso Amado, pela maravilhosa graça de poder viver a graça de Deus. Agora sabemos que aqueles que vivem na graça sabem que, com a graça de Deus, poderão viver alegremente em toda e qualquer circunstância. Filipenses 4:11 – “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. O apóstolo Paulo foi alguém que ouviu da própria boca do seu Senhor que a Sua graça lhe bastava. II Coríntios 12:9 – “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo”.
Sendo assim, cresçamos sempre na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. À Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno (II Pedro 3:18). Salmo 63:3 – “Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam”.
Pr. Mario Tsuyoshi Yamakami
Comunidade Bíblica Regenerada
Maringá, Fevereiro de 2013.